quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DOIS AMIGOS

era um bosque maravilhoso
com uma estrada de terra infinita que parecia levar-nos a um lugar incrível
ele e eu caminhávamos
ele e eu pensávamos
Eu, na perfeição das árvores que proliferavam no bosque e nas folhas amareladas que revestiam todo o chão
Ele, na presidência tão desejada de sua empresa, que poderia triplicar seu exorbitante salário
Eu, nas cores prevalecentes do outono, era um passeio numa tela de Van Gogh
Ele, no anel de brilhantes que daria a esposa, com o objetivo de fazê-la esquecer a idéia de que o marido tinha uma amante
Eu, nos fantasmas do bosque, na energia emanada de todas as partes, no pobre rico lenhador que disse a mim na sua choupana: “Escute amigo, o som do silêncio!”
Ele, na reunião decisiva com um grupo internacional de investidores famintos por dólares
Eu, nas palavras de Lao-Tsé “ O homem profano, porém, que se derrama pela vida superficial, dissolve com sua leviandade a solidez da sociedade”
Ele, numa estratégia para impedir a filha mais velha dê se casar com um poeta. Que futuro a filha teria? Ele se perguntava
Eu, nas borboletas multicoloridas que insistiam em nos acompanhar
Ele, em como se safar daquelas borboletas irritantes
Eu sou o momento
Ele, sono profundo






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