quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DOIS AMIGOS

era um bosque maravilhoso
com uma estrada de terra infinita que parecia levar-nos a um lugar incrível
ele e eu caminhávamos
ele e eu pensávamos
Eu, na perfeição das árvores que proliferavam no bosque e nas folhas amareladas que revestiam todo o chão
Ele, na presidência tão desejada de sua empresa, que poderia triplicar seu exorbitante salário
Eu, nas cores prevalecentes do outono, era um passeio numa tela de Van Gogh
Ele, no anel de brilhantes que daria a esposa, com o objetivo de fazê-la esquecer a idéia de que o marido tinha uma amante
Eu, nos fantasmas do bosque, na energia emanada de todas as partes, no pobre rico lenhador que disse a mim na sua choupana: “Escute amigo, o som do silêncio!”
Ele, na reunião decisiva com um grupo internacional de investidores famintos por dólares
Eu, nas palavras de Lao-Tsé “ O homem profano, porém, que se derrama pela vida superficial, dissolve com sua leviandade a solidez da sociedade”
Ele, numa estratégia para impedir a filha mais velha dê se casar com um poeta. Que futuro a filha teria? Ele se perguntava
Eu, nas borboletas multicoloridas que insistiam em nos acompanhar
Ele, em como se safar daquelas borboletas irritantes
Eu sou o momento
Ele, sono profundo






CARTA PARA UM IRMÃO QUE VAI NASCER

Não importam as feridas que me causou.
Sanadas estão há muito tempo.
E mesmo se outra viesse a se abrir,
sanada seria novamente.
Pois sempre acreditarei na sua benevolência
que se define como um botão de rosa adormecido.

Por mais revoltas repentinas que me fizera viver,
 sabia que um dia o botão se abriria e renasceria o seu coração de nascimento.
Aquele que convivi nos campos
avermelhados de cerejeiras.
Nas cavalgadas sem destino.
Nos concertos dos uirapurus.
Nas fogueiras que iluminavam nossas idéias.
Aquele coração que fora surrupiado por circunstâncias da vida mas que agora lhe é devolvido.

Após tanto acreditar em você,
 perdoá-lo inúmeras vezes,
 reconhece em mim o amor por ti
E finalmente o amor que tens por mim.

A paciência, a fé e principalmente o amor
estava em mim,
mas faltava em ti.
De prontidão
sem nunca te abandonar
varri o orgulho e o medo para debaixo
do tapete do ceticismo.
Com o coração em mãos
quando chegou a hora te entreguei,
e recebi de volta tão cedo,
pois um novo dia começa a cada manhã,
e uma nova rosa pode estar nascendo
da terra fertilizada com muita fé.

São incríveis as surpresas embrulhadas por laços de amor que Deus nos prepara todos os dias.

Acordamos e uma nova vida pode se iniciar.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SOBRE O SUPERFICIAL

Pessoas são como música.
Possuem bela melodia,
Algumas descompassadas,
Desafinadas,
Arranhadas.
Outras de tom perfeito,
Emocionante,
Tocante,
Mas todas músicas.

Porém ainda vivemos no antigo vinil,
Girando na vitrola,
Ouvindo música sem ouvir a letra.

SOBRE FRATERNIDADE

conheço alguém que se arrisca
todos os dias por amor a alguém
e eu, sentado neste confortável sofá?
quais os riscos que me ponho a ter?
e você?

não se decide amar
ama-se
não se decide amparar
ampara-se

não pensamos em nós
pensamos neles
e deles nos vem à paz
de quem sabe que amou
e concluiu sua iluminada missão


Prefácio


Sinto sincera mente que tudo que escrevo esta inacabado; então prefiro dizer que minhas poesias estão vivas e crescendo bem alimentadas de tudo que vejo. Poesia que escrevo, é poesia viva, é poesia mutável, que na acidez de cada palavra exprime a beleza adormecida à espera da hora de tudo mudar; e tudo pode mudar e deve mudar; e como um exército de gritos que ensurdecem os mais sensíveis leitores, eu destroço e abraço o mundo com muito amor. Não sigo padrões a todo instante; minhas poesias possuem fissuras, desafiam você leitor que pode apenas senti-la, como na música, ou penetrá-la, decifra-la, mergulhar no imo de cada uma delas. Não faço versos e estrofes perfeitas; nem sempre são rimadas, padronizadas e harmônicas; poesia que faço rimadas, desafiam você leitor, om muito amor.pode nem ser poesia, talvez seja qualquer outra coisa, menos poesia.